HISTÓRIA DE VIDA
Chamo-me Vitor Fernando Viana Santos Oliveira e nasci na casa de familia em S. Mamede de Infesta ,Matosinhos ,no dia 7 de Junho de 1961 e sou o filho mais velho de Alírio Fernando Oliveira, electricista e de Esmeralda Viana Santos, doméstica mas costureira em casa e tenho um irmão .
Em 1966 então com quatro anos, por motivos profissionais do meu pai, fomos morar para Figueira da Foz.
Tive uma infância normal a qualquer criança embora com uma educação bastante rigorosa, com horas rígidas para alimentação, levantar, deitar. A nível de higiene pessoal igualmente, ainda hoje as cumpro como nesse tempo, embora algumas as ache exageradamente rigorosas. E no saber estar e conviver em sociedade, nunca fui repreendido em publico, a educação sempre foi dada em casa, mas tanto eu como o meu irmão sabíamos até onde podíamos ir, da maneira como falávamos e respeitávamos as pessoas ou entre nós, tanto como pedir algo, o saber estar a mesa, como e quando comíamos e birras isso era impensável. A devo dizer que a “ Ditadora “ era a minha Mãe.
Fui então escrito no Ginásio Figueirense e comecei a ter aulas de natação duas vezes por semana e ao domingo de manhã toda uma diversidade de modalidades ( Basquetebol, remo, judo, xadrez ),conforme inscrição anual, em que a ginástica era obrigatória. As que eu mais gostava e que me deram para a minha vida foi a natação e o xadrez que ainda agora pratico. A natação tanto como treino saudável bem como lazer na praia e piscinas e o Xadrez como jogo e também como lazer.
Em 1967 então com 6 anos entrei para a escola primária no Patronato S.Miguel, uma escola particular, e até ao 4ºano tive sempre aproveitamento.
Lembro-me perfeitamente da Governanta D. Maria Antónia, pois era uma senhora bastante disciplinadora (que fazia falta agora em qualquer escola) como do Padre que era o Director, a Professora a D. Natércia (não era boa como professora) até da cozinheira.
A rigidez de educação da escola bem como a de minha mãe foram para mim marcantes pois era uma criança difícil. Como a escola era propriedade de um padre tínhamos religião e moral e ao sábado tínhamos que ir a catequese e ao Domingo á missa, bem como tínhamos que ajudar na missa como sacristão pois o mesmo tinha dificuldades de mobilidade. Hoje não sou praticante nem crente tão pouco mas chego a conclusão que a nível educativo me foi bastante benéfico pois como temia a Deus me condicionava a nível de mau comportamento.
Em 1971 com 10 anos entrei para o ciclo preparatório João de Barros, lembro-me que foi inaugurado nesse ano e que era o mais inovador da época, também tive aproveitamento nos dois anos. A separação de disciplinas também ajudou bastante no gosto de aprendizagem já que havia disciplinas que eu gostava bastante tal como matemática, história, ciências, física, desenho e trabalhos manuais. Ainda hoje embora veja pouca televisão, se estiver a dar algo de interesse numa dessas áreas ainda me prende a tv.
Na parte desportiva sai das escolinhas de natação e entrei nas competições e treinava então dia sim dia não. Éramos uma equipa perfeita pois havia muita competitividade entre todos, bem como entre pais. Os meus não, eu ia sempre só eles não participavam, o que me dava ainda mais alento. O meu pai era emigrante na antiga Rodésia e a minha mãe embora doméstica tinha uma banca de venda de fruta no mercado e ainda da parte da tarde costurava para fora.
Em 1974 entrei para o liceu nacional da Figueira da Foz e no dia 25 Abril deu-se a revolução de Abril que foi uma revolta contra uma ditadura fascista por parte dos militares e apoiada de imediato por toda a população. Nesse dia fui como normalmente para a escola, fazíamos quase dois kilometros a pé havia um autocarro mas era pouco utilizado na grande maioria íamos todos a pé. Quando chegamos ao liceu os contínuos falavam entre dentes em algo que se tinha acontecido em Lisboa. As pessoas tinham muito medo em falar, mas ao meio da manhã tivemos a ouvir no rádio que a continua da papelaria tinha sempre ligado e então apercebemo-nos que era uma revolução. O meu vizinho que era sargento da Força Aérea foi-me buscar pois esperava-se conflitos entre população e policia pois entretanto as pessoas vieram para a rua. Os alunos mais velhos (Antigo 7ºano) mais inteirados da situação começaram a manifestar-se enfrentado o reitor do liceu. Começaram a invadir os recreios tanto as raparigas o dos rapazes bem como os rapazes o das raparigas. Então resolveram dar as aulas por terminadas e a confusão cá fora era total. Pais a procura dos filhos, policia a tentar por ordem nos alunos, população já a festejar pelas ruas. Recolhemos a casa cheios de medo e pela tv fomos tomando conhecimento da situação.
Passados alguns dias entrei na minha primeira e única manifestação que foi o 1º de Maio. Dá-me ideia que foram as maiores manifestações até a data de hoje.
Entrei nesse mesmo ano nas minhas primeiras competições a sério e os treinos começaram a ser diários, ganhei algumas competições regionais e fui seleccionado para os nacionais mas com a morte do meu pai em Outubro comecei a ser uma criança revoltada e tanto nos estudos como no desporto comecei a ter alguns problemas de relacionamento.
Com 16 anos (1978) por problemas que marcaram a minha vida fui viver com os meus avós paternos em S. Mamede de Infesta e foi aí que tive o meu primeiro emprego que era gravador têxtil, que é passar um desenho para uma matriz que depois será estampada em tecido. Era uma empresa, embora familiar, bastante grande e evoluída para a época. O patrão coordenava tudo e andava pelos clientes, a esposa estava a frente da parte dos quadros e o filho a frente da parte rotativa. Aprendi muito rapidamente pois tinha muita vontade e passados alguns meses quando foi preciso fazer dois turnos por aumento de trabalho passei a gravador e o engenheiro começou a deixar o trabalho mais difícil para mim o que me deu muito alento. Lembro-me que num desenho contínuo e difícil deixei a ligação sem se notar, nunca tinha acontecido na fábrica e que me deu ainda mais força, o gravador principal era sobrinho do patrão e não aceitou muito bem a situação e passada algum tempo deu baixa e não mais voltou ao emprego o que me abriu as portas a ficar como gravador principal.
Em Fevereiro de 1979 tinha eu 17 anos casei e em Julho desse mesmo ano e então já com 18 anos nasceu o meu primeiro filho. A minha adolescência foi muito marcada e agarrada ao meu filho e ao emprego nessa altura já era o gravador principal da empresa e fazia muitas horas extras diárias e ao sábado, mas o domingo era dedicado por completo ao meu filho.
Não me lembro com rigor a data que me recenseei, pois nunca acreditei nos políticos, talvez por achar que eles só se lembram do eleitor para a votação e depois esquecem-se de nós e tenho a ideia que os políticos ao serem eleitos não aproveitam para resolver os problemas da sociedade e/ou do eleitor, mas sim aproveitam-se do estatuto que conseguiram com a eleição
1982 em Julho tirei a carta de condução de ligeiros. Costumo cumprir o código da estrada por mim mesmo mas também porque o dever profissional me obriga já que lido com passageiros e com grupos de turistas estrangeiros que ao mínimo problema dá direito a troca de motorista e o consequente chamada de atenção da empresa ou caso seja grave ao despedimento. Em relação ás vitimas de acidente no meu ver deveria ser uma prioridade da sociedade reabilita-los tanto social como profissionalmente pois seriam uma mais valia. Uma para provarem, se é que fosse preciso provar, que não são um peso morto para a sociedade, bem como muitas vezes para a própria auto-estima.
Com 16 anos (1978) por problemas que marcaram a minha vida fui viver com os meus avós paternos em S. Mamede de Infesta e foi aí que tive o meu primeiro emprego que era gravador têxtil, que é passar um desenho para uma matriz que depois será estampada em tecido. Era uma empresa, embora familiar, bastante grande e evoluída para a época. O patrão coordenava tudo e andava pelos clientes, a esposa estava a frente da parte dos quadros e o filho a frente da parte rotativa. Aprendi muito rapidamente pois tinha muita vontade e passados alguns meses quando foi preciso fazer dois turnos por aumento de trabalho passei a gravador e o engenheiro começou a deixar o trabalho mais difícil para mim o que me deu muito alento. Lembro-me que num desenho continuo e difícil deixei a ligação sem se notar, nunca tinha acontecido na fábrica e que me deu ainda mais força, o gravador principal era sobrinho do patrão e não aceitou muito bem a situação e passada algum tempo deu baixa e não mais voltou ao emprego o que me abriu as portas a ficar como gravador principal.
No dia 28 de Setembro de 1982 assentei praça em Lamego. A minha instrução foi bastante complicada já que era uma tropa de elite. Não foi de meu agrado como era do da maioria dos meus colegas pois tinham orgulho de estar numa tropa de elite, mas eu nunca vi com bons olhos a tropa nem a sua funcionalidade em tempos de paz, nem tão pouco num país tão pequeno como o nosso em que a única ameaça são os Espanhóis e esses se quiserem entram por aqui dentro a estalada e nada podemos fazer ou então mais inteligentemente como tem entrado, que tudo quanto tem valor já lhes pertence e os produtos deles são os que mais se impõem, ao ponto de mais parecer-mos mais uma província deles.
È como por miúdos grandes a brincar com soldadinhos, só que em vez de ser de chumbo são de carne e osso. E com agravante de se gastar milhões de euros inutilmente, bem como as reformas futuramente. Já para não falar em regalias e mordomias. Depois de ter feito o juramento de bandeira estive impedido a um bar na messe de oficiais, messe essa que é na cidade de Lamego e fora do quartel e que trabalha mais como hotel de 5 estrelas de oficiais e famílias do que um aquartelamento de tropas, que disso nada tem. As hierarquias militares são bastantes rígidas começa pelos praças que são a classe mais baixa, de seguida há os cabos que estão no patamar logo a seguir. Depois vem a classe dos sargentos e o mais baixo dos sargentos é o furriel que por sua vez há o 2º e depois o 1ºque são o primeiro elo de ligação entre praças e sargentos, de seguida vem o posto de sargento (também ele 2º e 1º) que é o primeiro da cadeia profissional. Uns quantos, por sector de actividade passam a sargentos-ajudantes e depois a sargentos chefes o topo da hierarquia de sargentos temos o sargento-mor que só há um por unidade (Quartel). No topo temos os oficiais que começam pelos alferes, de seguida tenentes e logo os capitães. Depois temos os oficias superiores que são Major, tenente-coronel e o coronel e depois estão os oficiais generais, começando pelo brigadeiro de seguida os generais sendo eles de várias estrelas. No topo de todos o Marechal.
Depois do juramento de bandeira fiquei impedido ao bar da messe de oficiais que era fora do quartel, no centro da cidade. Fiquei como responsável pois o que lá ficou comigo não tinha muito jeito. ( Várias vezes na vida estive a liderar tanto a nível social como profissional e fui aprendendo com os anos e erros. De inicio reconheço que fui arrogante e prepotente como quase todo líder que não sabe mandar/liderar o é. Liderar é mais que isso, uma das virtudes de um bom líder é saber ouvir e observar todos que o rodeiam, é chamar atenção quando faz falta e dar mérito quando as pessoas o têm.)
Tinha que fazer compras, fazer o caixa e atender mais de 50 oficiais e ao fim de semana quase que triplicava os clientes já que a messe era como um hotel em que vinham oficiais de toda a parte do país passar os fins-de-semana mais as famílias e conhecer toda a zona do vinho do Porto. Troquei de café, substitui alguma louça pois pareciam de um tasco, melhorei a luz interior e com o já rico mobiliário que existia dei-lhe um toque de hotel de 1º. Comecei a ler bastante sobre bares e aprendi alguns truques e bebidas. Meti aperitivos, licores e whiskies de boa qualidade e a noite e aos domingos dupliquei as vendas, á tarde comecei a fazer lanches mais cuidados para os filhos e esposas dos oficiais e no fim do mês quase tripliquei a facturação. O capitão que estava como meu superior no bar não ficou lá muito contente pois durante vários anos que estava a frente do bar nada tinha mudado até então e como me começaram a elogiar logo tentou pôr um travão, mas não conseguiu pois as pessoas habituaram-se e já não se contentavam com menos, nem sem mim. No final do meu serviço militar fui convidado a ficar mas não aceitei pois tinha uma vida cá fora para retomar.
1984 voltei ao meu emprego e em 1986 passei a liderar o sector onde trabalhava era então responsável por todo o serviço que saí do sector rotativo da empresa. Conferia os desenhos a selecção de cores, gravação e abertura das matrizes depois o ultimo retoque e vistoria e até o empacotamento já que tudo isto era bastante delicado e dispendioso. Comprei então o meu Apartamento e aí vi o quanto a carta de condução tinha valor já que depois comprei carro e vi o quanta mobilidade me proporcionava. O prédio era novo e tanto eu como todos os outros proprietários das várias fracções era primeira vez que habitávamos uma propriedade horizontal pelo que foi mais difícil o entendimento quanto as despesas comuns e calhou-me a mim os dois primeiros anos a ficar como gerente do condomínio, foi um pouco difícil pois foi preciso arranjar uma empregada de limpeza, um jardineiro e ainda organizar a escrita, fazer actas das reuniões, tudo foi feito como deveria ser. O que sabia pus em pratica e que não tinha conhecimento comprei livros para aprender. Consegui por o condomínio funcional tanto a nível de resolução de problemas como de Contas. Ao fim de dois anos entreguei o condomínio a outro condómino . No emprego pedi pela primeira e única vez aumento que me foi recusado e uns meses depois despedi-me e deixei para trás 9 anos ligado a mesma empresa e arrisquei uma nova etapa na minha vida já que me achava mal pago e com um horizonte limitado.
Deixei então a área têxtil e entrei nas artes gráficas como fotogravador na empresa R.Durão e o meu ordenado quase duplicou. O serviço era um pouco diferente mas aprendi facilmente com o gravador que já lá estava que era de Lisboa e como pretendia voltar para lá ele comprometeu-se ensinar-me. Ao fim de pouco tempo vimos que não era bem assim pois demos conta que pretendia voltar sim a Lisboa mas para se estabelecer e estava a contar ser fornecedor da empresa que trabalhávamos, dei a volta por cima e ainda consegui sem ele saber um estágio de um mês noutra empresa concorrente mas com o conhecimento da gerência da empresa.
O nosso sector era bastante importante para a empresa pois dava trabalho a duas máquina de rotogravura e que era a base de facturação da empresa. qualquer falha minha ou atraso fazia parar os outros sectores , mas isso , com grande orgulho meu, nunca aconteceu. Trabalhei 3 anos até a empresa falir.
Em 1990 fui trabalhar para uma empresa do mesmo ramo no Porto e lá trabalhava a turnos (16h ás 24h) de manhã comecei a trabalhar por minha conta na abertura de quadros para estamparia e a desenhar.
A empresa foi vendida e foi para Ribeirão (Trofa) passei então a ser empregado da Tribor. Com a entrada de Portugal na CEE a têxtil passou por uma grande crise e embora trabalhando e fazendo colecções para boas marcas, fiz os desenhos da colecção para a Puma mas a empresa que fazia a estampagem não aguentou a crise e eu parei com a abertura de quadros para a têxtil pois tinha muitas dificuldade em receber e eu arranjei emprego como Chefe de segurança na empresa SOV e só trabalhava á noite ,os fins de semana eram rotativos, uma semana de noite e outra de dia. Visitávamos os postos e fazíamos a ponte entre a empresa e os seguranças. No final do serviço fazíamos sempre um relatório aonde dávamos conta de todas as anomalias do serviço, desde incumprimentos até necessidades dos postos e/ou dos seguranças. Foi muito bom para mim pois ganhei um traquejo como relações públicas e interpessoais.
Entretanto fui convidado a chefiar uma empresa de Gravação de cilidros para a têxtil em Guimarães. Saia de casa todos os dias as 6h e 30 e só chegava por volta das 20h. A firma tinha sido aberta com fundos da CEE e como foram mal aplicados pelo patrão começamos a ter dificuldades económicas e eu passado um ano vim-me embora.
Fiquei desempregado no final de Dezembro e estou entre Espanha e Portugal mas para não estar parado e já tinha tentado várias vezes tirar o RVCC Básico e de seguida o queria tirar o RVCC secundário como realização pessoal ou quem sabe talvez para outras oportunidades , não sei se vou ter tempo pois só tenho 6 meses de fundo desemprego , mas era uma coisa que desejava bastante. Comecei também a tirar uma licença/curso para poder conduzir crianças em Portugal, uma das áreas a aprender é a prevenção rodoviária,